sexta-feira, 26 de julho de 2013

Finanças Comportamentais

Como conquistamos a independência financeira? Como fazemos escolhas de investimentos? É possível alcançá-la sem ter disciplina, conhecimento e atitude?

Há uma estatística ( http://www.baaa-acro.com/Statistiques%20diverses.htm ) relatando que 67,57% dos acidentes aéreos têm como causa a falha humana ( incluindo-se os pilotos, os controladores de tráfego aéreo e os manutentores), através de uma sequência de más decisões, tomadas antes e durante o voo, as quais, juntas, começam a formar uma perigosa corrente de acontecimentos. Para que o acidente seja evitado, ao menos um elo dessa corrente precisa ser quebrado. 


Esta história contada no livro do Aquiles Mosca – Finanças Comportamentais – é uma bela introdução que nos chama a atenção para o complexo processo decisório humano. Ele cita em sua obra que todos temos características inatas e tendências inconscientes, das quais ninguém está imune, e que tanto afetam o nosso modo “racional” e “eficiente” de tomar decisões com base nas informações disponíveis. Identificar estas características, estar consciente das nossas emoções e atitudes, saber como elas influenciam nossas percepções e decisões pode nos ajudar a reagir melhor frente a elas e a fazer melhores escolhas no dia-a-dia, inclusive em relação aos investimentos.


Hipótese Básica     : Somos 100% racionais em nossas decisões e ações.

Crítica a essa Hipótese : Porque então existem falências, recessões, bolhas? Isso é racional?

O estudo destas questões recebeu o nome de Finanças Comportamentais, que teve início na década de 1980 com Amos Tversky e Daniel Kheneman (prêmio Nobel em 2002).


ESTUDOS
Qual a sua escolha, Cesta 1 ou 2 ?

                        


Resposta Racional     : Maior retorno médio = R$ 8.000 = Cesta 1 (20% dos indivíduos). 
Resposta mais escolhida  : Menor retorno médio = R$ 7.000 = Cesta 2 (80% dos indivíduos)

Porque isso acontece? 

O ganho certo distorce a escolha, a maior parte das pessoas não está disposta a correr risco para ganhar, além de subestimar o potencial de alta de ativos de risco (Efeito Certeza). 

Por isso que no mundo inteiro existe mais dinheiro investido em renda fixa (p.ex.: poupança) onde os ganhos são mais estáveis e previsíveis do que em renda variável (p.ex.: ações) onde a oscilação é bem maior, porém os retornos também podem ser mais elevados quanto mais extenso for o horizonte de tempo de comparação.



Qual a sua escolha agora, Cesta 1 ou 2 ?




Resposta Racional           : Menor prejuízo médio = R$ 7. 000 = Cesta 2 (8% dos indivíduos). 
Resposta mais escolhida  : Maior prejuízo médio =  R$ 8.000 = Cesta 1 (92% dos indivíduos).

Porque isso acontece? 

A maioria das pessoas mostra forte disposição a correr riscos para evitar perdas, mesmo que implique, na média, perder mais. 



“Não somos avessos a riscos, somos avessos a perdas”


O estresse associado à perda é maior que o prazer associado a um ganho de mesma proporção, impedindo a maioria dos investidores aceitar riscos, se isso trouxer a possibilidade de evitar/limitar perdas potenciais. 



Sofremos mais com uma perda do que temos prazer com um ganho. 



O PROCESSO DECISÓRIO






O prazer de ganhar é menor que o estresse da perda.




Perder é muito estressante.



EXPERIMENTO (B. Shiv – Universidade de Stanford – 2.008)

Grupo 1: indivíduos normais

Grupo 2: indivíduos com lesões no cérebro, na região onde se registra o medo

Cada indivíduo recebeu $20 e podia apostar $1 por jogo de cara ou coroa que foi repetido 20 vezes. Se perdesse, perdia $1, se ganhasse a rodada levava $2,50.


Investidor racional: apostaria todas as vezes.

Resultado real: diminuiu a aposta a cada novo arremesso.




Mesmo sendo a expectativa matemática do experimento sempre positiva: (50% * 2,5) – (50% * -1) = +0,75, na vida prática, as emoções, principalmente o medo, interfere em nossa predisposição ao risco, exercendo impacto maléfico na vida dos investidores.

Um indivíduo mediano que ingresse no mercado de trabalho aos 20 anos e que se aposente aos 65 anos, tem 45 anos ao longo dos quais tomará decisões de investimento da poupança formada ao longo deste período, sujeito a essas influências/tendências comportamentais que podem mais prejudicar que beneficiar caso não identifique e mude tais atitudes.



OS 3 MAIORES MEDOS (Fear Factor – Universidade de Cambridge)

Falar em público (90 pontos)
Morte (69 pontos)
Não ter recursos financeiros para o próprio sustento (65 pontos)

Ou seja, um médico que cuida de um paciente enfermo lida com um medo que, do ponto de vista de intensidade, é muito semelhante àquele que um assessor financeiro trata ao conversar com um cliente.


FOBIA DE INVESTIMENTOS (Investment Fobia – Universidade de Cambridge)

50% das pessoas têm aceleração do ritmo cardíaco quando lidam com contas pessoais
11% sentem mal-estar físico (dores de estômago, de cabeça) quando precisam lidar com oi próprio dinheiro.
15% evitam abrir envelopes bancários ou acessar contas via internet para evitar tais transtornos.
23% das mulheres e 18% dos homens foram diagnosticados como portadores de fobia financeira.

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